O feminicídio de Vanessa Ricarte, ocorrido em fevereiro, trouxe à tona falhas na rede de proteção à mulher em Campo Grande. O caso levantou questionamentos sobre a efetividade das medidas preventivas e o acesso das vítimas aos serviços de atendimento integrados à Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande.
Mesmo com o aumento no número total de atendimentos em 2024, a queda no número de primeiros cadastros pode indicar dificuldades no acolhimento inicial de mulheres em situação de violência.
O número total de atendimentos a mulheres em situação de violência cresceu em Campo Grande no ano de 2024, segundo dados do Dossiê Mulher Campo-grandense. O levantamento aponta que foram realizados 194.124 atendimentos e encaminhamentos nos serviços da rede interna e externaum aumento de 2,5% em relação aos 189.459 registrados em 2023. Apesar disso, o total de novos cadastros caiu de 5.020 para 4.735uma redução de 5,7%.
A queda no número de primeiros atendimentos contrasta com o crescimento na demanda geral. O dado indica que menos mulheres procuraram ajuda pela primeira vez, mas aquelas que já estavam na rede retornaram com maior frequência ou precisaram de mais encaminhamentos ao longo do ano. Diferença que pode indicar dificuldade no acesso inicial ao serviço ou aumento na complexidade dos casos.
O Dossiê também revela que a distribuição geográfica dos atendimentos seguiu um padrão similar ao de anos anteriores. A região de Anhanduizinho manteve a maior concentração de mulheres atendidasrepresentando 24,4% dos casos em 2024. As regiões de Lagoa (15,5%) e Imbirussu (14,6%) também figuram entre as áreas com mais ocorrências.
Entre os bairros com maior volume de registros estão PanamáAssim, Nova Campo GrandeAssim, CaiobáAssim, Aero RanchoAssim, Los Angeles e Centro Oeste. Por outro lado, os bairros Noroeste, Caiobá, Nova Campo Grande, Popular e Santo Antônio apresentaram as maiores taxas de violência proporcional à população.
Em relação à faixa etária das vítimas atendidas, o grupo de 21 a 30 anos seguiu liderando os registroscom 29,7% dos atendimentos em 2024. Mulheres de 31 a 40 anos representaram 24,8%, enquanto 19,8% estavam na faixa de 41 a 50 anos.