Consolidado no País com o seu Vale da Celulose, Mato Grosso do Sul deve receber a sexta megafábrica da commodity nos próximos anos. Conforme apurou o Correio do Estadoa Bracell fará duas indústrias de processamento de eucalipto no Estado. Além da fábrica já anunciada em Água Clara, a empresa do grupo indonésio Royal Golden Eagle (RGE) deve construir uma fábrica em Bataguassu.
Ainda de acordo com as fontes ouvidas pela reportagem, os empreendimentos terão focos diferentes no processamento da fibra de eucalipto. Ainda não foi divulgado qual seria o modelo de processamento em cada uma das unidades, mas devem se dividir entre fibra curta e solúvel especial. Possivelmente a de Água Clara com fibra curta e a de Bataguassu com celulose solúvel especial.
A Bracell é uma empresa brasileira com atuação na Bahia desde 2003 e presença no estado de São Paulo desde 2018. Tem fábricas no Polo Industrial de Camaçari (BA) e no distrito industrial de Lençóis Paulista (SP), onde estão localizadas as suas sedes, além de operações florestais nos dois estados e em Mato Grosso do Sul e Sergipe, onde foram realizadas atividades florestais a partir de 2021 e fim de 2022, respectivamente.
Na unidade baiana, a empresa produz a celulose solúvel especial, que além de ser usada na indústria têxtil, está presente na produção de medicamentos, alimentos e cosméticos. Já a unidade paulista é focada no tipo kraft, uma celulose de fibra curta branqueada de eucalipto que é utilizada para a fabricação de papéis em geral.
VALE
Conforme já publicado pelo Correio do Estadoa região conhecida como Vale da Celulose compreende atualmente os municípios de Água Clara, Aparecida do Taboado, Bataguassu, Brasilândia, Inocência, Paranaíba, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo, Selvíria e Três Lagoas.
Mato Grosso do Sul já é reconhecido nacionalmente como o Vale da Celulose, tendo 24% da produção nacional da commodity, a segunda maior área cultivada de eucalipto e o primeiro lugar na produção de madeira em tora para papel e celulose. Também é vice-líder em área plantada com árvores, ficando atrás apenas de Minas Gerais.
A cadeia produtiva florestal em MS gera mais de 14,9 mil empregos diretos e 12 mil indiretos e conta com quatro linhas de produção em três fábricas de celulose em operação, já tendo sido anunciada a quarta fábrica (Arauco) e confirmada a quinta (Bracell). A segunda unidade da Bracell seria a sexta indústria a ser construída no Estado e a sétima linha em operação.
FÁBRICAS
Estão em operação atualmente a Eldorado Celulose e a Suzano em Três Lagoas, além da unidade da Suzano inaugurada ano passado em Ribas do Rio Pardo, que é atualmente a maior fábrica do mundo.
A reportagem do Correio do Estado adiantou em setembro do ano passado que a Arauco anunciou a expansão de sua capacidade de produção e deve se tornar a maior fábrica de celulose do mundo. A empresa do grupo chileno informou o aumento da capacidade produtiva da planta de Inocência, saindo dos iniciais 2,5 milhões de toneladas para 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano.
O investimento global será de US$ 4,6 bilhões (equivalente a R$ 25,1 bilhões) para a construção da unidade em Inocência, a primeira planta do grupo no Brasil.
Em novembro do ano passado, durante o Fórum Empresarial entre Brasil e Indonésia, no Rio de Janeiro, o governo de MS se reuniu com a Bracell, que confirmou a construção de uma fábrica de celulose em Água Clara.
A empresa pretende investir US$ 4 bilhões (R$ 25 bilhões) na unidade. O processo de licenciamento ambiental foi iniciado, com estudo previsto para ficar pronto até fevereiro.
Conforme o governo do Estado, a unidade terá capacidade produtiva de 2,8 milhões de toneladas de celulose, em uma área localizada a 15 quilômetros do perímetro urbano. A perspectiva é de gerar 10 mil empregos nas obras e 3 mil na operação.
“Participamos do Fórum Empresarial entre Brasil e Indonésia, em que tivemos uma rodada de negócios com empresários dos dois países. O motivo principal da nossa vinda foi para nos reunirmos com a Bracell, que é uma empresa do grupo RGE, da Indonésia, que discute uma planta industrial no Estado”, afirmou o governador Eduardo Riedel na época.
Riedel destacou que esses novos investimentos da Bracell no Estado vão gerar empregos e melhorar a renda dos cidadãos.
“Foi uma reunião muito produtiva, em que conseguimos alinhar uma série de pontos específicos. Ainda prestigiamos esse fórum de negócios, que é mais uma oportunidade para buscar novos investimentos”, completou o governador.
FUTURO
Fora os players já confirmados e as novas fábricas, ainda estão no radar outras possíveis indústrias e linhas de produção para os próximos anos, sendo elas as segundas linhas de produção da Eldorado Celulose, em Três Lagoas, da Arauco, em Inocência e da Suzano, em Ribas do Rio Pardo.
Em outubro do ano passado, conforme adiantou o Correio do Estado, o presidente da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), Paulo Hartung, afirmou que mais de 70% dos R$ 105 bilhões de investimentos previstos no setor de celulose para todo o Brasil serão realizados em território sul-mato-grossense. São quase R$ 75 bilhões de investimentos nos próximos três anos em Mato Grosso do Sul.