Adolescentes foram atacadas durante ação contra a guerrilha em Yby Yaú; Governo alega legítima defesa
Marcos Morandi –
Relatório do Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança responsabiliza o Paraguai pelo assassinato de duas adolescentes de 11 anos. O crime ocorreu em setembro de 2020, em Yby Yaú, no Departamento de Concepción. Na época a operação foi elogiada pela presidente Mario Abdo Benítez, o ‘Marito’.
Segundo a ONU, as mortes das meninas constituem uma grave violação do direito à vida e aconteceram em decorrência de uma investida militar contra o EPP Exército Popular Paraguaio. Lilian Mariana Villalba e Maria Carmen Villalba, foram executadas pela Força-Tarefa Conjunta.
“Essa violação é ainda agravada pelo fato de o Paraguai não ter realizado uma investigação aprofundada, o que sugere negligência grave ou encobrimento intencional”, afirma o relatório do comitê de 18 especialistas e juristas, divulgado na quarta-feira (22).
Ainda segundo o comitê da ONU, Lílian e Maria foram enterradas às pressas, e a Justiça paraguaia exigiu sua exumação três dias depois, quando foi confirmado que eram mais jovens do que as autoridades inicialmente indicaram.
O relatório também diz que autópsia “encontrou ferimentos de bala na frente e nas costas dos corpos, mas a perícia não conseguiu estabelecer a distância em que os projéteis foram disparados porque as roupas das meninas foram destruídas”.
Durante as investigações, o comitê presidido pela sul-africana Ann Marie Skelton entrevistou 32 pessoas, incluindo testemunhas e membro do exército paraguaio, como o comandante da Força-Tarefa Conjunta.
O governo paraguaio, em resposta ao Comitê, conforme publicação da Agência EFE, disse que lamento a perda destas duas vidas, mas contesta as conclusões sobre ações arbitrárias das autoridades, alegando defesa prestada pelas forças de segurança.