Seis em cada 10 investigações abertas no Estado no ano passado estavam ligadas a drogas, contrabando ou descaminho
Dos 1.759 inquéritos instaurados pela Polícia Federal (PF) em Mato Grosso do Sul no último ano, 461 eram relacionados ao tráfico de drogas. Esse número representa 11,7% das investigações abertas em razão deste crime em todo o Brasil.
Nacionalmente, segundo matéria do jornal O Globo, dos 44.392 procedimentos aberto pela Polícia Federal, a maior parte era referente a crimes fazendários (19.203), seguidos por crimes ambientais (5.250). Já em relação ao tráfico de drogas são 3.913 investigações no País.
Conforme detalhamento feito pela Polícia Federal, a pedido do Correio do Estadoentre as 1.759 investigações iniciadas no ano passado, a maioria foi aberta pelos crimes de tráfico de drogas (397 processos, mais 64 por associação para o tráfico), contrabando (376) e descaminho (295).
Ao todo, esses quatro crimes representam 1.132 inquéritos, o equivalente a 64% do total de investigações abertas em Mato Grosso do Sul no ano passado.
Em entrevista ao Correio do Estadoo superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, falou sobre a atuação da corporação, além das características do que categorizou como crimes proeminentes da região.
Cabe destacar que o crime de contrabando decorre da importação ou da exportação de mercadoria proibida no Brasil, caso de cigarros e medicamentos, enquanto o descaminho corresponde às fraudes, como o não pagamento de tributos de importação, exportação e consumo.
“As características de Mato Grosso do Sul nos colocam diante da seguinte realidade, a nossa ‘vocação’ é o contrabando, o descaminho e o tráfico de drogas. Temos aqui a fronteira com a Bolívia e o Paraguai, então, é um prato cheio para (a droga) chegar. Nossa atuação pesada é aí”, frisou.
De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), entre janeiro e dezembro de 2024, foram apreendidas 579,432 toneladas de maconha e 17,602 toneladas de cocaína em todo o Estado, que é líder entre as 27 unidades federativas do País, à frente do Paraná, com 436,451 toneladas, e de São Paulo, com 136,241 toneladas, respectivamente, segundo e terceiro colocados na lista.
Conforme o superintendente da PF, as características de crimes como o tráfico de drogas e o contrabando fazem com que a Polícia Federal se articule cada vez mais para frear o fluxo de drogas em todo o Estado.
As investigações são realizadas conjuntamente com a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), força-tarefa composta pela Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Polícia Judiciária Civil, a Polícia Militar e o Sistema Penitenciário.
“Nós temos a parceria com a Ficco e esperamos que em 2025, já com esse diagnóstico, possamos trabalhar nesses crimes, mas a gente não pode negligenciar a questão ambiental, a questão indígena”, falou.
Questionado quanto ao retorno financeiro dessas apreensões relacionadas ao descaminho e ao contrabando aos cofres do Estado, Carlos D’Ângelo afirmou que o processo é moroso, uma vez que os trâmites judiciais tardam a serem finalizados.
“Mato Grosso do Sul, relativamente ao tráfico de drogas, foi o (estado) que mais aprendeu no ano passado. Em termos de bens e valores, nós superamos milhões e milhões de reais, mas daí a fazer isso virar dinheiro para a segurança pública é uma longa caminhada”, explicou o superintendente.
FOGO NO PANTANAL
Do total de inquéritos abertos no ano passado, 20 eram relacionadas aos incêndios no Pantanal. Desses, apenas 5 continuam em andamento, como mostrou matéria do Correio do Estado publicada nesta semanatodos na região de Corumbá. Esse número poderia ser maior, já que 70% das investigações não resultaram em indiciamentos.
“Cerca de 70% das nossas investigações de crimes ambientais não resultaram no indiciamento de ninguém. Fomos aos locais onde os satélites indicavam a presença do fogo. Desse universo, identificamos as áreas de interesse da União e do governo federal, onde fizemos as operações e identificamos os autores dos crimes”, destacou D’Ângelo.
Segundo o superintendente da PF, o período de incêndios serviu para reforçar as investigações sobre crimes ambientais, sobretudo os relacionados a queimadas.