Autor do vídeo mostrando onças devorando uma vaca ainda viva diz ter catalogado 36 felinos e faz passeios só com gente interessada em avistá-las
Autor de um vídeo surpreendente e chocante feito na última quarta-feira (10) mostrando duas onças devorando uma vaca ainda viva atolada às margens do Rio Miranda, na região do Passo do Lontra, no município de Corumbá, o guia turístico Tony Viller Magalhães Viana garante ter identificado 36 onças diferentes em um trajeto de 51 quilômetros que costuma percorrer com os turistas que chegam à região.
Embora tenha sido criado na região do Passo do Lontra, um povoado que reúne vários hotéis, pesqueiros e uma base de estudos da UFMS, faz 15 anos que trabalha com turistas estrangeiros, mas somente há quatro anos decidiu se dedicar exclusivamente ao turismo de avistamento de onças.
Para isso, criou sua própria agência, a “Why Not Pantanal Sul Jaguar Tour?” (Por que não passeio de onça no Pantanal Sul?). O nome da agência, segundo ele, surgiu porque historicamente se ouvia falar que o avistamento de onças ocorria somente no Pantanal mais ao norte, principalmente em Mato Grosso.
Mas, pelo fato de ser acostumado a flagrar os felinos na região entre as cidades de Miranda e Corumbá, passou a oferecer passeios somente com este objetivo. “Na semana passada, em três dias de passeios com um casal de chineses, encontramos oito onças diferentes aqui na região do Passo do Lontra”, garante Tony.
Ele diz que cada animal tem pelagem diferente e aprendeu a catalogar as pintas dos animais. E, por conta disso, consegue diferenciar uma da outra.
Mas, apesar de sua longa experiência, o flagrante desta semana foi o primeiro que fez de onças atacando um bovino. O normal é que se alimentem de capivaras, jacarés ou outros animais silvestres.
Tony acredita que a vaca tenha ficado atolada ao tentar beber água no Rio Miranda e por isso a onça adulta, que estava acompanhada de três filhotes com cerca de 60 quilos, aproveitou para ensinar as crias a atacarem um animal maior que elas e a se alimentar durante alguns dias.
Ao fazer o vídeo na última quarta-feira, a cerca de 50 quilômetros rio abaixo do povoado do Passo do Lontra, Tony estava acompanhado por duas turistas holandesas. O fato de a vaca ainda estar viva é o que mais impressionou as européias, revela o guia turístico. No vídeo, ele deixa claro que cena também o impressionou.
Na imagem, que tem quase um minuto, aparecem somente duas onças, mas o grupo de turistas (no local apareceu outro barco no memento) permaneceu próximo por pelo menos 15 minutos e neste intervalo foi possível identificar uma fêmea adulta com seus três filhotes.
Depois do flagrante, o bovino acabou morrendo e a família de onças retornou outras vezes à carcaça para se alimentar. Mas, já a partir de quinta-feira as aves de rapina começaram a dividir o alimento com a mãe-onça e os três filhotes, explica Tony.
Ele faz questão de frisar que nenhuma das 36 onças que já catalogou recebe alimento para facilitar a visualização e assim atrair maior número de turistas. A chamada ceva é proibida, pois pode “domesticar” os felinos e fazê-los perder a capacidade de buscarem a sobrevivência no habitat natural.
O sucesso para encontrar os felinos, explica, depende principalmente do conhecimento de seus hábitos e dos locais pelos quais transitam em determinados horários.
A melhor época para encontrá-las, segundo ele, é junho a novembro. Fora disso, porém, ainda existe 60% de chance de encontrar alguma.
No povoado do Passo do Lontra existem vários hotéis e a maior parte dos frequentadores é formada por europeus, que vão para a região em busca do turismo contemplativo em passeios pelo Rio Miranda e em caminhões pela Estrada Parque, uma rodovia sem asfalto com cerca de 120 quilômetros paralela à asfaltada BR-262.