Duas irmãs, protetoras de animais de uma Ong (Organização Não Governamental) foram presas na quinta-feira (4) depois que a Polícia Civil, Vigilância Sanitária e Perícia constataram as denúncias de maus tratos no local, que fica na Chácara dos Poderes, em Campo Grande.
No terreno foram encontrados 250 cães e gatos. Segundo a delegada titular da Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista), Gabriela Stainle, o local estava em estado de lástima e constará nos laudos oficiais. “Elas já vinham recebendo orientações da vigilância e não é a primeira vez que a DECAT constata essa situação de maus tratos a animais sob guarda delas”, explicou.
Conforme a delegada, foi constatado no local, as seguintes situações: Descarte irregular de resíduos sólidos (lixo) no quintal como lata de alumínio, cobertor, o que parecia ser um colchão, etc. Tudo estava amontoado e com vestígios de queima.
A piscina estava imunda, verde escura, sem manutenção nenhuma há muito tempo, com larvas de mosquito. A Vigilância Sanitária, que estava junto, fez a coleta de amostra da água.
Havia ainda descarte irregular de medicamento espalhados pelo local, uma fossa extravasando, além de muitos cães com sarna. Foi constatado também que havia falhas na cerca, permitindo que cães ferozes escapassem para rua. Gatos presos em um cômodo imundo de fezes.
“Não tinha abrigo para todos os animais. O chão estava repleto de fezes de cachorros que simplesmente não eram recolhidas e elas são capazes de atrair fauna sinantropica (mosquitos transmissores de doenças). Tudo foi constatado por peritos do Estado, pelos policiais da DECAT e vigilância sanitária”, detalhou Stainle.
Após a constatação do crime, foi representada pela prisão preventiva das irmãs responsáveis pela Ong e decretada pelo juiz, sendo assim logo cumprida.
Os animais ficaram no local sob os cuidados da mãe das irmãs. Elas disseram que possuem veterinário e então terão que adequar os cuidados.
“Não somos contra as protetoras, estamos do mesmo lado, mas a favor dos animais”, finalizou a delegada.
Denúncias e dificuldades
Logo após a visita dos policiais da Decat, uma das irmãs, responsáveis pela Ong, publicou nas redes sociais um vídeo explicando a situação. Abalada com a denúncia, ela alega que já mudou para uma chácara que era para ter um lugar melhor para cuidar dos animais. “A gente tá fazendo milagre com as doações”, lamentou.
A mulher explicou que a ong tem sofrido perseguição de moradores e pessoas que acreditam ser ‘obrigação’ delas pegarem todos os animais da rua.
“Olhar do portão, todo mundo vai difamar, vai julgar, mas quem tá lá dentro fazendo o que eu to fazendo?. Ai tem coco na varanda os cachorros acabaram de comer.É inacreditável. Abriram a porta de um carro a noite, jogaram 5 cachorros no mato e falaram que a gente soltou na rua. A gente ficou mais de um mês tentando pegar esses cachorros, porque eles não deixavam pegar. Os cachorros que estão aqui estão acostumados a ficar mais de três anos juntos. Se colocar aqui dentro eles matam. Ficamos um mês tratando, amansando”, lembrou.
Ela ainda relata que mesmo com o trabalhando escuta que ninguém a obrigou pegar os animais. “Ninguém obrigou mesmo, é por compaixão, por amor, pra mudar a vida dele, mudar a situação da cidade”, afirma.
Ela finaliza o vídeo falando que pretende e vai tentar encontrar outro lugar para que possa cuidar melhor dos animais.