Trinta anos após a implementação do Plano Real, o CDI, índice crucial para investimentos de renda fixa, registrou um retorno astronômico de 7.927%, superando a inflação do período por 11,26 vezes.
Essa avaliação é do professor Carlos Alberto Di Agustini, da renomada FGV. Enquanto isso, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou um aumento de 704% durante o mesmo período.
O impressionante contraste entre esses índices é impulsionado pelos efeitos dos juros compostos, conhecido como juros sobre juros, que elevam os ganhos de forma exponencial. No Brasil, os juros são historicamente elevados para conter a inflação. “O Brasil possui a maior taxa real de juros de todos os tempos. É o país mais rentista da história”, afirma Di Agustini.
Isso significa que um investimento de R$ 1, com rendimento equivalente a 100% do CDI em 1º de julho de 1994, teria se transformado em R$ 80,27 hoje, de acordo com a Calculadora do Cidadão do Banco Central. Considerando o IPCA no mesmo período, isso representa um aumento real de 898%, conforme cálculos do matemático José Dutra Vieira Sobrinho.
Einar Rivero, diretor da Elos Ayta Consultoria, destaca que o CDI superou não apenas o desempenho do Ibovespa, da poupança e do dólar em termos reais, ajustados também pelo IPCA. Enquanto o principal índice da Bolsa de Valores brasileira teve um ganho de 322% acima da inflação, a poupança antiga (depósitos até 3 de maio de 2012) teve um ganho de 132%.
Em média, Rivero calcula que o CDI teve um retorno real de 8% ao ano, enquanto o Ibovespa teve 5% e a poupança, 3%.
Mesmo o índice acionário mais importante do mundo, o S&P 500, não superou o CDI. De julho de 1994 a maio de 2024, o S&P 500 valorizou-se 1.059%, mas ajustado pela inflação, o retorno foi de 448%.
Enquanto isso, o dólar Ptax perdeu 34% de seu valor em relação ao real, levando em conta a inflação. Em termos nominais, a moeda dos Estados Unidos valorizou-se em 428% em relação ao real desde julho de 1994, menos que o IPCA no mesmo período.
Economistas explicam que o dólar e a inflação brasileira estão intimamente ligados, uma vez que as commodities são negociadas em dólares americanos.
O CDI, por sua vez, tende a superar consistentemente o IPCA, já que está alinhado com a Selic, a taxa básica de juros definida mensalmente pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).
Os diretores do Banco Central definem a taxa de juros para conter a inflação sem reduzir excessivamente a atividade econômica, dado que a meta de inflação é de 3% e o IPCA dos últimos 12 meses atingiu 3,9%. Assim, espera-se que a Selic permaneça em 10,50%, resultando em uma taxa real de juros de mais de 6%.
Apesar de estar abaixo da média histórica de 8%, a rentabilidade real do CDI supera o ganho de 2,4% do Ibovespa nos últimos 12 meses, mas fica aquém do salto de 10,4% do dólar comercial no mesmo período.
Os investimentos vinculados ao CDI
Atualmente, muitos produtos de investimento, como CDBs, LCAs, LCIs e debêntures, têm sua rentabilidade ligada ao CDI. Cada um desses ativos oferece um rendimento equivalente a um determinado percentual do CDI, como 100%, 97% ou 112%. Quanto maior o percentual, maior a rentabilidade.
O CDI, que é paralelo à taxa Selic, também influencia investimentos como os títulos do Tesouro Direto.
Investimentos vinculados ao IPCA
Segundo Rivero, muitos dos investimentos populares atualmente não estavam disponíveis quando o Plano Real foi implementado, limitando a comparação de rentabilidades. Títulos atrelados ao IPCA oferecem atualmente uma rentabilidade real fixa superior a 6% ao ano e são considerados entre os investimentos mais rentáveis disponíveis.
** Com FolhaPress