Conab solicita comprovação de capacidade técnica das empresas arrematantes após questionamentos sobre transparência e idoneidade dos participantes.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está demandando evidências que comprovem a capacidade técnica das empresas vencedoras do leilão de arroz do governo federal para executar a compra e distribuição dos produtos.
Das quatro empresas arrematantes, a que adquiriu a maior quantidade de arroz (cerca de metade do total) é uma loja de queijos; enquanto outra é uma empresa de transportes, cujo único sócio já admitiu ter pago propina para fechar contratos com o governo do Distrito Federal.
A própria Conab anunciou neste domingo (9) que essa decisão surgiu após o leilão ter sido questionado – tanto a oposição ao presidente Lula (PT) quanto o agronegócio criticaram o pregão e colocaram em dúvida seu resultado.
“Transparência e segurança jurídica são princípios inegociáveis e a Conab está atenta para garantir segurança jurídica e solidez nessa grande operação”, afirmou o presidente da companhia, Edgar Pretto.
Na quinta-feira (6), o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comprou 263,3 mil toneladas de arroz importado, totalizando R$ 1,3 bilhão, como medida para amenizar os impactos das chuvas no Rio Grande do Sul sobre o abastecimento e os preços do cereal.
A maior arrematante do leilão foi uma empresa chamada Wisley A de Souza, que adquiriu 147,3 mil toneladas de arroz. Sua única sócia tem esse nome e o capital social da empresa é de R$ 5 milhões.
O nome fantasia é Queijo Minas, e o endereço registrado na Receita Federal fica no centro de Macapá, capital do Amapá. No entanto, as atividades principais declaradas pela empresa em seus registros públicos são relacionadas ao comércio atacadista de leite e laticínios.
A segunda menor arrematante foi a ASR Locação de Veículos e Máquinas, sediada em Brasília. Sua principal atividade é o aluguel de máquinas e equipamentos, embora tenha uma variedade de outras atividades secundárias listadas, como construção civil, publicidade, desenvolvimento de programas de computador e comércio atacadista de diversas categorias, incluindo cereais.
Seu único sócio, Crispiniano Espindola Wanderley, afirmou que a empresa tem mais de dez anos de experiência e trabalha com seriedade, citando um leilão anterior da Conab em que participaram.
Wanderley foi citado em uma investigação que envolveu o atual deputado federal Alberto Fraga (PL-DF), por suposta cobrança de propina para assinatura de contratos de ônibus. No entanto, Wanderley não foi alvo de investigação e negou as acusações, alegando que fez o pagamento para denunciar o político.
Diante dessas questões levantadas, a Conab anunciou que convocará as Bolsas de Mercadorias e Cereais para validar as empresas participantes do leilão, pois são essas bolsas que representam as empresas no pregão e ficam responsáveis por exigir a documentação e a comprovação da capacidade técnica delas.